“O governo quer que os bancos públicos liderem o processo de redução do spread”, diz um dos ministros mais próximos de Lula. O presidente está contrariado porque foi convencido de que o spread está cheio de “gordura” e “penduricalhos”, conforme expressões que usa com frequencia. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foi decisivo para que tal discurso passasse ao ser entoado pelo Planalto, ao lembrar que os spreads subiram mesmo com a liberação de R$ 84,5 bilhões em depósitos compulsórios entre setembro e dezembro do ano passado. No mesmo período, frisou Meirelles, o spread médio dos bancos passou de 26,4 para 30,6 pontos percentuais, um aumento de 4,2 pontos, e a taxa básica (Selic) permaneceu em 13,75% ao ano. Em 21 de janeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC a reduziu para 12,75%.
Com isso, Meirelles deu a senha para que Lula fosse para cima dos bancos públicos. E mesmo o fato de o BB e a Caixa terem anunciado pequenos cortes nas taxas não minimizou a cobrança do presidente. Revigorado das férias, Lula se mostrou contrariado sobretudo com o BB. Afirmou que a instituição atuou como “bancão” ao subir o spread em plena crise, quando pessoas físicas e empresas mais precisam de dinheiro. Foi um erro crasso, segundo o presidente, já que o BB poderia manter altos níveis de lucro se emprestasse para mais clientes e com taxas mais baratas, justamente o caminho contrário do escolhido. O BNB também recebeu um estocada. Lula ironizou o “Crediamigo” da instituição, com juros anuais de 36% ao ano. “Está mais para credi-inimigo”, reclamou.
Para reforçar ainda mais a competitividade no setor, o BC passará a divulgar os nomes dos bancos que cobram os juros mais altos e têm os maiores spreads. “Numa crise como essa, é guerra. Temos que usar todos os instrumentos disponíveis para aumentar a competitividade entre os bancos”, afirma um técnico do BC. Segundo ele, atualmente, o BB e a Nossa Caixa figuram entre os que cobram maiores juros, e, muito certamente, também os maiores spreads, já que, em média, 60% dos cobrados por um banco se referem a esse indicador.
Reunião para mostrar açãoA redução do spread bancário será tema da reunião ministerial de hoje, a segunda desde outubro, quando a “marolinha” atingiu em cheio a economia brasileira. No encontro, será decidido o calendário de divulgação de medidas destinadas a atenuar os efeitos da crise no país. A ideia é distribuir os anúncios ao longo das semanas para vender a imagem de um governo em permanente reação à turbulência econômica. O Planalto pretende lançar no primeiro trimestre o Plano Nacional de Habitação, o modelo de exploração das reservas de petróleo na camada do pré-sal e um novo programa de mobilidade urbana.
Na reunião, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, fará um balanço dos dois anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mostrará os números que serão divulgados até o fim da semana. A tendência é Dilma divulgar uma nova meta de investimentos até 2010, superior aos R$ 636,2 bilhões atuais. Lula e os auxiliares debaterão ainda a melhor forma de executar o Orçamento da União.
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