Acabar com voto obrigatório é avançar a consciência política |
| em 03/06/2010 03:30:00 (189 leituras) |
O voto obrigatório é fundamental para manter currais eleitorais Erich Vallim Vicente
A colunista de política do jornal O Estado de S. Paulo, Dora Kramer, chamou a atenção, na última terça-feira, 1o, para dados da pesquisa Datafolha que não foram amplamente explorados pela classe política, ou mesmo pela imprensa, e que, por esses fatores, não entram no debate público sobre a política nacional, e não somente pelo aspecto eleitoral, mas também no que diz respeito à constante necessidade de refinamento. Por trás da disputa entre os pré-candidatos José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) – agora em empate técnico –, e Marina Silva (PV), o levantamento dá importante pista sobre a opinião pública acerca do voto obrigatório. Como aponta Dora Kramer, dos entrevistados no último levantamento do Datafolha, 48% não concordam com a obrigatoriedade do voto, percentual exatamente igual aos que concordam com o atual sistema. Dora Kramer informa, ainda, que na última pesquisa semelhante, datada de dois anos atrás – 2008 –, 53% eram a favor do voto obrigatório, enquanto 43% defendiam o facultativo. “Quer dizer, cresce, e de maneira nada desprezível, o apoio da população ao fim da obrigatoriedade do voto”, escreveu a articulista do Estadão, no artigo intitulado “Debate interditado”. A articulista ainda faz um breve apanhado da Assembleia Constituinte, lembrando que o voto facultativo perdeu de lavada, porque, na época, tanto à esquerda e à direita se acreditava que o “povo não estava preparado para o voto não obrigatório”. Porém, ela pergunta – “Qual a razão de assunto como esse nunca ser discutido? – para responder: pelo que se vê e ouve por aí, mitificação e, no caso dos políticos, paúra de perder reserva de mercado. Dora Kramer tem razão. O voto obrigatório é fundamental para serem mantidos os currais eleitorais Brasil afora. Avançar na discussão do voto obrigatório é fundamental ao desenvolvimento da consciência política. Como apontou a articulista do Estadão, será que 30 países onde o voto ainda é obrigatório têm mais razão do que outras 230 nações que adotaram o voto facultativo? Apesar de alguns avanços na discussão da sociedade brasileira, falta coragem e vontade da classe política, assim como de entidades organizadas que atuam no país, em colocar este debate de forma efetiva. É preciso derrubar falsos moralismos que mantêm uma cultural extremamente perniciosa e que escondem objetivo cruel de garantir votação de uma massa acéfala.
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